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terça-feira, setembro 30, 2014

lamentável verdade.





Na vida, prepare-se para

viver sozinho, 
adoecer sozinho e
morrer sozinho.

Isso liberta. E se vier algo a mais, é lucro.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

"morri de febre nas dunas de Cingapura"

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Para um dia sem sol II

Lições vazias (para a chuva que não caiu lavar– promessas, sempre promessas, tanta nuvem, tanto cinza):
Os desejos falhos, os sonhos errados. Aquela caminhada para pensar em que acabei distraindo-me com a rua. Palavras e areia lançadas ao vento – minhas e tuas. As mentiras para ninar meus pais. O choque, o fardo, a dor. Meu frio. As escolhas sem culpa. O que houve de ruim – e tem mais memória que aquele algo bom. A verdade que doía demais e foi dita. Os medos que passaram e abandonaram-me seca. A dor alheia. O irreal, o transitório. Idéias alheias a meu respeito. Minhas idéias sobre o que não me diz respeito. Essas impossibilidades. Essa ausência de credo.

Das chuvas e das paixões
I
Das chuvas e das paixões
te guarda
até conheceres o fim
Umas vêm para fecundar
outras, vêm para destruir
 II
Cai uma tempestade
e diz-se chuva
Mas um sereno
é chuva também
E se não pode julgar mais chuva
esta ou aquela em que há mais violência
ou ternura
Tampouco mais ou menos tempo
até o seu fim

Mesmo porque,
quando é o fim duma chuva
se existe muito mais fim em quem a observa
do que nela própria?

Não me espantaria o contrário
mas, creio que elas não pensam
também não sentem
Apenas carregam em si
esse momento
Os homens, porém,
se nove destes se abrigam
a espera do fim duma chuva
cada um se vai num instante
porque cada um percebe esse fim
em si - e em seu próprio tempo

O que leva a crer
que uma chuva passa
no instante em que ela passa, simplesmente
mas essa chuva somente passa, para quem a sente,
quando se entende que ela já passou.

 III
E basta que a chuva venha três vezes do norte
Que há quem se espante quando ela vem pelo sul
Como se mais forte fosse de onde a chuva vem
Que a fertilidade que ela traz aos campos

Eduardo Gaspar
 (com gosto de Alberto Caeiro)

Para um dia sem sol I


Não são trocas. Não foram trocas. Nunca é questão disso. Esqueça. Viva o tempo em que acorda a vontade de resolver as coisas, coisas que já se sabia antes! Coisas que não fazem mais sentido. Não do jeito que faziam antes. Não de jeito algum. Dias e dias. Daí, de repente, me dou conta do que acontece. É como se eu estivesse congelada ali e não é isso quero: parar e ser igual. Um medo assolador do que persiste, das eternidades e rotinas, da estase de viver o mesmo dia, o mesmo (des)gosto, os mesmos dentes, o mesmo sonho, a mesma luz ao fim do túnel, o mesmo pesadelo. Medo do mesmo. Por vezes cruel, sempre avisei. É brincadeira? Devo acreditar? Posso crer em sentimentos tão elevados a ponto de fingir que valerá mesmo assim ou não ter receio do que possa acontecer? Nunca é, não é nada disso. E a manhã chega e o sol cega, mesmo que a verdade se mostre muito bem no escuro. Pensando bem, é a lua. Preciso sempre olhar o céu para ver exatamente onde está, suas horas e guias. Se observo com atenção, posso prever tudo isso. Porém de que valerá toda essa anunciação se irei perder-me todas as noites, esperar, enlevada, tendo como norte apenas seu signo mas não seu significado? Se a escolha foi andar desatento, não maldiga o buraco em que caiu.