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em inconstante definição.

domingo, agosto 20, 2006

Há coisas para as quais simplesmente não estamos preparados. Por mais que se imagine o quanto elas são prováveis e as pessoas sempre serão capazes de nos surpreender...Pessoas são estranhas...

Eu nunca fui a aluna mais dedicada do mundo enquanto fazia o Ensino Médio (segundo grau na época, mas isso é detalhe), mas nunca fiquei “dependurada”, sempre passava por média em tudo. Meus professores de biologia e história me adoravam, mas alguns como os de matemática e inglês sabiam que eu estava em outro planeta (ou talvez na Umbra) durante as aulas deles.

Sim, meu professor de inglês... Da 8ª série ao 3º ano e nunca tivemos envolvimento pessoal de tipo algum, nada fora da sala de aula como outros professores com os quais conversava o intervalo inteiro. Eu, relapsa, e na época, nada interessada nisso (a menos que houvessem expressões idiomáticas em algo que eu estivesse lendo... Taí,, lembro de uma conversa, no 1º ano, sobre Wuthering Heights - o livro e não a música argh), nem sempre tinha paciência para assistir aula (coisa que me acompanhou a graduação inteira...). Mas assistia aula, eu era obrigada a isso, sempre meio apática. Ele, um excelente professor e um cara muito inteligente e sacado de tudo (era como se reunisse todo o conhecimento enciclopédico...), alguém que eu considerava analítico e sagaz. Ele era meio que sarcástico às vezes e eu, às vezes, achava massa isso. Tipo, ele nos dava muito “tapa na cara”, diplomaticamente, pela falta de simancol da turma em empurrar tudo com a barriga, por muitas vezes parecer que a escola era apenas uma satisfação aos pais e não necessidade nossa. Mas ele conseguia ser cruel também ou demonstrar de maneira bem clara, que não estava nem aí pra gente.

Lembro-me da última vez que o vi. Março ou abril de 99, passei na escola para pegar uns documentos, daí fui ver meus professores (infelizmente não estavam lá os que eu mais queria ver) e eles perguntaram como eu estava e disse-lhes que passara no vestibular para Farmácia em outro estado. E um deles brincou:

- então sugere algo pra dor de cabeça que eu to mal!

E meu professor de inglês disse;

- Que é isso? Não vá complicar a menina....

Isso foi engraçadinho...

Essa semana, encontrei-o no orkut..Sei que ele não lembra de mim, muito anos, muitos alunos e, como eu disse, mal nos falávamos fora de sala de aula ( e dentro dela também). Eu disse isso em um scrap e o adicionei. Daí, na véspera do meu aniversário, ele mandou uma mensagem pelo orkut. Não scrap, mensagem mesmo. Tomei até um susto quando a vi em meu e-mail. Foi a mensagem de aniversário mais legal que recebi. Algo pessoal, nada de mais, só que havia calor humano ali e foi totalmente inesperada. Isso tocou fundo.

Nesse mesmo dia, antes de ler essa mensagem, fui ver alguém a quem amo muito e passei os últimos 4 anos e meio trabalhando junto, dedicando-me a seus projetos e idéias, que me ensinou muito, não só academicamente. Alguém que sempre pareceu torcer por meus sonhos e me dizia “você consegue”, “acredite, lute pelos seus sonhos”.

Daí, quando eu consigo chegar, essa pessoa não consegue demonstrar alegria alguma e ainda age comigo de forma a machucar bem no fundo, o máximo que ela conseguira chegar. Talvez por ciúmes em não ser a intermediadora do processo, pois em meio a muitas palavras cortantes, essa pessoa disse que eu ainda deveria ainda estar com ela.

Poxa, e aquele laboratório e a figura dessa pessoa são coisas tão marcantes, tão adoradas e eu haverei de levá-las sempre. Mas ali, naquele instante, nem parecia a mesma pessoa Eu fiquei sem chão, como algo sem apoio, pois, nesse meio, ela sempre foi isso para mim. Ela se foi e fiquei chorando no colo do Will... Foi tempo demais acalentando um sonho para que quem me fez começar a sonhar simplesmente ignorasse tudo, grande parte da realização do sonho.Logo alguém a quem tenho profunda consideração. Nem consigo entender como isso aconteceu muito menos aceitar. Só resta esperar que pare de doer.

Algumas coisas parecem sempre as mesmas. Sempre, e sou grata por isso... Will não mudou. Adorável companheiro daqueles dias assombrados no NIBA, paciente ouvinte das loucuras minhas e da Naty, alguém com saco para limpar as gaiolas de camundongos que nem eram dele (e sem esperar nada em troca), um amigo que me fez rir, encheu a paciência para eu comer direito, ia comprar refrigerante no prédio vizinho, pegar ervas para nossos chás de fins-de-tarde (Naty e eu nunca queríamos ir ao herbário) e secou tantas lágrimas minhas, nascidas de tantas causas... Isso sem falar da cerveja nas tardes quentes daquele congresso no Piauí. =)

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